segunda-feira, 13 de agosto de 2012


                                    OUÇA O HOMEM QUE OUVE A DEUS

     Se quando ouvimos um sermão podemos fixar-nos em apenas uma real joia da verdade, podemos considerar-nos bem recompensados pelo tempo gasto.

     Uma gema assim foi descoberta durante um sermão que ouvi a algum tempo. Do sermão tirei uma sentença valiosa, e mais nenhuma; porém, era tão boa, que lamento não poder lembrar quem era o pregador, para que pudesse demonstrar-lhe reconhecimento. Eis o que disse: “Não ouça a nenhum homem que não consegue ouvir a Deus”.

     Em qualquer grupo de dez pessoas, pelo menos nove acreditam que estão qualificadas para dar um conselho a outras. Em nenhum outro campo de interesse humano as pessoas se acham tão prontas para dar conselho como no campo da religião e da moralidade. Todavia, é precisamente nesse campo que a pessoa média é menos qualificada para falar sabiamente, e é capaz de produzir o maior dano quando fala. Por esta razão, devemos selecionar cuidadosamente os nossos conselheiros. E inevitavelmente, a seleção leva consigo a ideia de rejeição.

     Davi nos adverte contra o conselho dos ímpios, e a história bíblica dá exemplos de homens que fizeram da sua vida um fracasso porque receberam conselho errado. Roboão, por exemplo, ouviu homens que não ouviram a Deus, e todo o futuro de Israel foi afetado adversamente como consequência. O conselho de Aitofel foi uma coisa ruim que se somou grandemente às iniquidades de Absalão.

     Ninguém que não tenha ouvido a Deus falar primeiro tem direito de dar conselho. Ninguém que não esteja pronto para ouvir e seguir o conselho do Senhor tem direito de aconselhar outros. A verdadeira sabedoria moral há de ser sempre um eco da voz de Deus. A única luz confiável para o nosso caminho é a luz que reflete Cristo, a Luz do mundo.

     É especialmente importante que os jovens aprendam no conselho de quem confiar. Estando no mundo por tão pouco tempo, não tem muita experiência e devem buscar o conselho dos outros. E, saibam disso ou não, de fato aceitam todo dia opiniões alheias e as adotam como se fossem deles próprios. Os que se jactam mais agudamente da sua independência, captaram de alguém a ideia de que a independência é uma virtude, e sua própria ansiedade por serem individualistas é resultado da influencia dos outros. São o que são por causa do conselho que seguiram.

     Esta regra de só ouvir os que ouviram a Deus livra-nos de muita armadilha. Todos os projetos religiosos deviam ser provados por ela. Nesta época de incomum atividade religiosa, devemos manter-nos calmos e bem equilibrados. Antes de seguirmos alguém, devemos procurar o óleo em sua testa. Não estamos na obrigação de ajudar em nenhuma atividade de ninguém que não traga em si as marcas da cruz. Nenhum apelo dirigido às nossas simpatias, nem estórias tristes, nem descrições chocantes devem mover-nos para pormos nosso dinheiro e nosso tempo em esquemas promovidos por pessoas ocupadas demais para ouvirem a Deus.

     Deus ainda tem os Seus escolhidos, e este são, sem exceção, bom ouvintes. Eles podem ouvir quando o Senhor fala. Podemos ouvir com segurança esses homens. Mas outros não.

Extraído do livro – A Raiz dos Justos – Vol. 5 – A. W. Tozer

Boa Semana, pr. Douglas Bataglião

A RAIZ DOS JUSTOS

Uma diferença marcante entre a fé dos nossos pais como concebida pelos pais, é que os pais estavam interessados na raiz da matéria, enquanto os seus descendentes atuais parecem interessados somente nos frutos.
Parece ser esta a nossa atitude para com certas grandes almas cristãs  cujos nomes são honrados entre as igrejas, como, pro exemplo, Agostinho e Bernardo em tempos mais antigos, ou Lutero e Wesley em tempos mais recentes. Hoje escrevemos biografias de vultos como esses e celebramos o seu fruto, mas a tendência é ignorar a raiz da qual proveio o fruto. “A raiz dos justos produz o seu fruto”, diz o sábio em Provérbios (12.12). Os nossos pais olhavam bem para a raiz da árvore e se dispunham a esperar com paciência pelo aparecimento do fruto. Nós exigimos o fruto imediatamente, ainda que a raiz seja fraca e cheia de calosidades, ou inexista completamente. Os impacientes cristãos de hoje desculpam as crenças simples dos santos doutros tempos e sorriem da SUS séria abordagem de Deus e das coisas sagradas. Eram vitimas das sua perspectiva religiosa limitada, mas ao mesmo tempo eram grandes e vigorosas alma que conseguiram obter uma experiência espiritual satisfatória e fazer muita coisa boa no mundo, apesar dos seus defeitos. Assim, imitaremos o seu fruto sem aceitar a sua teologia e sem incomodar-nos demasiadamente com a adoção da sua atitude de tudo ou nada para com a religião.
Assim dizemos (ou mais provavelmente pensamos sem dizer), e toda voz da sabedoria, todo dado da experiência religiosa, toda a lei da natureza nos diz quão errados estamos. O galho que se desliga da árvore numa tempestade pode florir brevemente e pode dar ao transeunte despreocupado a impressão de que é um ramo  saudável e frutífero, mas a sua tenra inflorescência logo perece, e o próprio ramo seca-se e morre. Hã há vida duradoura, separada da raiz.
Muita coisa que passa por cristianismo hoje é o brilhante e breve esforço do ramo cortado para produzir o seu fruto na estação própria. Mas as profundas leis da vida estão contra isso.  A preocupação coma a aparência e a correspondente negligência para coma raiz que está fora da vista, raiz da verdadeira vida espiritual, são sinais proféticos que passam despercebidos. Resultados “imediatos” é tudo o que importa, rápidas de sucesso presente, sem pensar na próxima semana ou no próximo ano. O pragmatismo religioso avança desenfreadamente entre os ortodoxos. A verdade é o que quer que funcione. Se dá resultado, é bom. Há apenas uma prova para o líder religioso: sucesso. Tudo se perdoa, exceto o fracasso. Um árvore pode resistir a quase toda e qualquer tempestade se sua raiz é firme, mas quando a figueira que o Senhor amaldiçoou secou “desde a raiz” (Mt 11.20), ela toda “secou” imediatamente. Uma igreja firmemente enraizada não pode ser destruída, mas nada pode salvar uma igreja cuja raiz secou. Estímulos, campanhas promocionais, ofertas em dinheiro, belo edifício – nada pode trazer de volta a vida à árvore sem raiz.
Com um feliz desconsideração pela coerência da metáfora, o apóstolo Paulo nos exorta a atentar para as nossas próprias origens. “Arraigados e alicerçados em amor” (Ef 3.17), diz ele no que é obviamente uma confusão de figuras; e outra vez concita seus leitores a permanecerem “arraigados e edificados nele” (Cl 2.7), o que encara o cristão como uma árvore bem arraigada e como um templo a edificar-se sobre o sólido fundamento.
A Bíblia inteira e todos o grandes santos do passado se unem para dizer-nos a mesma coisa. “Nada considerem como líquido e certo”, eles nos dizem. “Voltem para as fundas raízes. Abram o coração e sondem as Escrituras. Levem sua cruz, sigam o seu Senhor e não deem atenção à moda religiosa que passa. As massas estão sempre erradas. Em cada geração o número dos justos é pequeno. Certifiquem-se de que estão entre ele.”
“O homem não será estabelecido pela iniquidade; mas a raiz dos justos será removida” (tradução literal da versão usada pelo autor).
Extraído do livro – A Raiz dos Justos – Vol 5 – A. W. Tozer