segunda-feira, 25 de março de 2013

PÁSCOA, POR QUE NÃO CELEBRAR?


ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl. 11.3).

Tenho observado que os “fundamentos”, ou seja, as bases ou os valores cristãos que foram estabelecidos em nossa sociedade ocidental têm sido destruídos por uma cosmovisão pós-moderna e pós-cristã, que desde o século XVIII tem desprezado os paradigmas cristãos que edificaram nossas vidas, nossas famílias, nossa educação, nossas instituições econômicas e políticas. E estamos já colhendo os resultados desse abandono, com a degradação social, a destruição dos valores bíblicos da família, a consolidação de uma sociedade individualista, voltada para o sucesso pessoal em detrimento do corporativo, e sexista – tendo o sexo como o centro do prazer e da realização, não importando de que forma ele se realiza, o que promove as mais escabrosas distorções, como perversões no relacionamento heterossexual, homossexualismo, bestialismo, pedofilia, dentre outras.  

Inserida nessa realidade, a Igreja não poderia deixar de sofrer seus efeitos, sendo atacada pela secularização do sagrado, pelo ecumenismo religioso, bem como pelo universalismo teológico, que impõe uma unificação religiosa, com vistas à tolerância religiosa, que é totalmente contrária à verdade de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Nessa realidade de “destruição” de valores, as celebrações cristãs históricas e tradicionais, como o Natal, a Páscoa, a ceia, o culto simples e cristocêntrico, têm sido desfiguradas, destituídas de seu simbolismo original, ou, por vezes, desprezadas por uma ala extremada da igreja, que as considera “festas pagãs”.

Não podemos esquecer que a simbologia é um dos instrumentos utilizados pelo Espírito Santo, nas Escrituras, para comunicar verdades da Palavra de Deus. As festas cristãs fazem parte dessa simbologia e tipologia, que celebram eventos da obra de Cristo, e devem ser celebradas como instrumentos de ensino, doutrina e fixação das realidades e verdades centrais da fé cristã, não devendo ser desprezadas nem desfiguradas pela igreja atual, pois foram esses instrumentos que, durante a história da igreja, também influenciaram uma cosmovisão cristã em nossa sociedade ocidental. 

Creio que a desfiguração ou depreciação e abandono dessas celebrações é uma obra de Satanás, e também de uma sociedade secularizada, que se tem afastado dos valores cristãos. E a Igreja, com medo do mundanismo, acaba desprezando as oportunidades de propagar os valores cristãos, por meio da celebração do Natal, da Páscoa, do Pentecostes etc., tanto para os membros de suas comunidades como para a evangelização de não cristãos. Em outras palavras, a Igreja acaba “coando mosquitos e engolindo camelos” (Mt. 23.24), perdendo excelentes oportunidades de redimir a cultura para uma visão cristocêntrica.

Voltemos a celebrar nossas festas cristãs, sim! Obviamente, sem a deturpação que elas vêm sofrendo – motivadas por propósitos mercadológicos que as descaracterizam. Mas voltemos à Palavra de Deus, com temor e reverência, e com a liberdade dos filhos de Deus, de adorá-lO com todas as formas de arte, que foram criadas, também, para o louvor da Sua glória. E voltemos a declarar aos irmãos e aos não cristãos: “Feliz Natal!”, “Feliz Páscoa!”, “Feliz Pentecostes!”, com a mensagem de que esta “felicidade” é propósito de Deus, revelado nas Escrituras e consumado pela obra de encarnação, vida, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!
Douglas A. Bataglião