quinta-feira, 11 de março de 2021

Timóteo e Tito, pastores sem performance, porém, cheios de graça.

 


Timóteo e Tito, pastores sem performance, porém, cheios de graça.

 A palavra performance é um termo da língua inglesa que traz o sentido de atuação, de desempenho. Alguém disse – “o orador teve uma performance notável”, definindo mais uma característica do conceito performático, a pessoa que tem boa oratória. No contexto das artes, performance designa as apresentações de dança, canto, teatro, mágica, mímica, malabarismo, referindo-se ao seu executante como um performista. Em nossa contemporaneidade, principalmente no âmbito empresarial, no contexto da meritocracia, de uma pessoa com performance são esperadas, também, independência, coragem, capacidades físicas, carisma, eloquência, domínio. A pessoas que assim se apresenta, é atribuído o atributo de performática.

 

Não pasmem, essas mesmas características, nesses tempos de desvio da “Verdade” bíblica, também são exigidas de pastores líderes da “igrejas-empresas” de nossa atualidade “evangélica”, onde as denominações existem para o sucesso de seus “donos”, e para a satisfação dos seus “membros clientes”, consumidores artigos religiosos: sucesso, bem-estar, saúde, casamentos felizes, conquistas financeiras, estar de bem-com-a-vida.

 

No outro extremo encontramos a palavra “graça”, que tem como uma de suas definições, a que eu mais prefiro – Deus dando e fazendo tudo para quem nada merece. No dicionário - favor que se dispensa ou recebe; mercê, dádiva. E na teologia - dom que Deus concede aos homens e que os torna capazes de alcançar a salvação. Onde suas características são: dependência, pobreza de espírito, carência, fraqueza, serviço, incapacidade.

Nas cartas pastorais, que iniciamos o estudo neste mês encontramos dois personagens que Deus, pelo apostolado de Paulo, chama para o ministério das igrejas da Creta e de Éfeso. Quando estudamos as características que a Bíblia mostra desses líderes, encontramos o contrário do que se espera dos líderes performáticos atuais. Timóteo é apresentado como um jovem (1Tm 4.12), que era muito tímido (1Tm 4.14), que tinha enfermidades que comprometiam sua atuação (1|Tm 4.16; 1Tm 5.23), com insegurança em tomar atitudes (1Tm 1.18;). Timóteo era considerado por Paulo um discípulo (At 16.1), que vivia em submissão (At 17.15; 19.22), que tinha espírito cooperador (Rm 16.21; 1Ts 3.2), um trabalhador sério (1Co 16.10), considerado filho pelo apóstolo (1Tm 1.2; 2Tm 1.2). E, também, Tito um homem que se alegrava com o sucesso de outros (2Co 7.5-6), um homem que precisava dos irmãos para ser feliz (2Co 7.13), pessoa afetuosa (2Co 7.15). Tito era um servo submisso (2Co 8.6), e um líder solicito, isto é, pronto sempre para ajudar (2Co 8.16), que soube ser dirigido, para depois desempenhar liderança (Gl 2.3; 2Co 8.23), a quem Paulo chama de verdadeiro filho (Tt 1.4).

Se apresentarmos os currículos de Timóteo e Tito para as igrejas-empresas de hoje, eles jamais seriam selecionados, pois suas características não se encaixam nos requisitos de líderes performáticos ne nosso tempo. Porém a Palavra de Deus, garante que no reino de Deus, essas são as qualificações que o Espírito Santo requer de um candidato ao serviço do Rei.  Espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, ... Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuido do vosso estado” (Fl 2.19-20). “...e muito mais pela alegria de Tito,... Porque se nalguma coisa me gloriei de vos para com ele, não fiquei envergonhado:... a nossa glória para com Tito se achou verdadeira” (2Co 7.13-14).