quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Alma Peregrina do Cristão



 “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” (Fl 3.20).
 “Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria” (Hb 11:14).
 “Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” (Hb 11:16).

     Temos visto e ouvido nestes tempos um evangelho que, como afirma o apóstolo Paulo em Gálatas 1.6, que é outro evangelho, não o que ele e os apóstolos haviam pregado.
     Temos templos cheio de pessoas que estão iludidas, que de certa forma aceitam este evangelho da teologia sacrificial do bispo Macedo, comenta o Prof. Paulo Ayres de Mattos, "O sucesso da teologia sacrificativa de Macedo se faz possível devido essa tríade de “sacrifício, sangue e dinheiro” prevalecente na cultura religiosa brasileira, quer seja do catolicismo popular, das religiões afro-brasileiras, ou do mundo evangélico-pentecostal, ainda que não se expresse de igual maneira em cada uma dessas manifestações religiosas."
     Essas teologias são de cunho humanistas, as quais visam o bem estar e o sucesso das pessoas, aqui neste mundo, desconsiderando o principal alvo da criação do homem, segundo o Supremo Propósito de Deus; em Jesus Cristo. E desconectadas com o verdadeiro objetivo da existência humana, que é viver eternamente em comunhão com Deus, no lar que é celestial.
     O Caráter peregrino que foi implantado no coração de Abraão - "Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;" (Hb 11.9), está praticamente eliminado por estas teologias pós-modernas e antropocêntricas. Os crentes de nossa época já não tem "saudade dos céus", não vivem na expectativa da iminente volta de Cristo, para os levar para a sua pátria celestial, como nos afirma Paulo na sua carta aos Filipenses - "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo". Não temos mais a aspiração dos heróis da fé de Hebreus 11.16 - "Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade".
     Isso é muito preocupante, pois a fé cristã que está baseada no fundamento dos apóstolos as quais foram escritas e recitadas nos credos apostólicos, hoje parece totalmente esquecida, não mais recitada, nem crida, ou vivenciada.  Aquelas verdades que culminam com a declaração enfática sobre a esperança da volta de Cristo, que vem buscar a Sua igreja, para habitar na sua Pátria Celestial, a antiga Canaã de Israel, ou Nova Jerusalém para os cristãos.
     No texto de Hebreus 11.14 "Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria.", temos uma declaração que deve ser a principal de todo crente que realmente recebeu a revelação da sua pecaminosidade, corrupção e afastamento de Deus, mas que pela fé no evangelho foi justificado, regenerado e reconciliado com Deus para viver segundo o Supremo Propósito do Trino Deus (Ef 1.3-14; 2.1-9): sendo Filho do Pai Eterno; membro do corpo místico de Cristo, a igreja (1Co 12.12-13); e pedra viva do templo do Espírito Santo (1Co 6.19; 1Pe 2.5). Estes, Jesus afirma - "não são deste mundo" (Jo 17.14). São os que o escritor de Hebreus afirma, “buscam uma pátria”.
     O salvo que se tornou filho do Deus Eterno, ganhou um coração, ou uma alma peregrina, isto é, uma mentalidade de estrangeiro, cuja vida está se desenvolvendo num lugar que não é a sua pátria. Á aquele que  “vive em tendas” (Jr 35.7; Hb11.9), não tem propriedade fixa, nesta terra estranha. Não se sente deste lugar, apesar de estar morando e trabalhando nele; como Israel na Babilônia. Está desconfortável, e anseia por voltar para a sua verdadeira pátria, seu canto e poesia é como o do poeta que suspira pela sua terra "minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá" (Gonçalves Dias). Ou como canta o poeta cristão no seu hino - "Passarinhos, belas flores, querem me encantar, ó vãos terrestres explendores, de longe enxergo o lar".
     Voltemos ao evangelho de Cristo, no qual o epílogo não é nesta terra, mas no Novo Céu, na Nova Terra, Canaã que mana leite e mel, onde estão as insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3.8). Somos salvos para esta esperança (Rm 8.24), "Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?" (1Ts 2.19).
     "Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Ap 22.20)


quarta-feira, 5 de junho de 2013

A completa corrupção do homem e o Propósito Eterno de Deus

Isaías 1.1-9

     O moderno neo-pelagianismo, apoiado no humanismo pós-moderno, representado pelos direitos humanos e o individualismo. Insistem em afirmar que o homem é bom, e que se torna mal, devido ao seu desenvolvimento comprometido pelos processos relacionais familiares e interações sociais a que é exposto. Desenvolvendo assim uma tendência errada, violenta contra tudo o que sofreu. Também há o pensamento freudiano que seus problemas e reações emocionais, de qualquer espécie, são resultado das suas frustrações sexuais, a base de toda a realização e felicidade humana. E outras tantas variações destes conceitos que tentam responder e responsabilizar a maldade exibida cotidianamente do homem em todas as suas relações.
     Mas a Palavra de Deus é taxativa em expor literalmente, qual é, realmente, a razão da natureza má e corrupta da humanidade, em suas infindáveis manifestações iníquas.
     Neste trecho de do Livro de Isaías que lemos, assim como Paulo mostra em Romanos nos primeiros capítulos de sua epístola irmã no Novo Testamento, a carta aos Romanos, está mais uma vez a demonstrando a natureza corrompida de todo os seres humanos. Vamos lê-las novamente.
     John MacArthur, em seu comentário desta perícope, os versos um a nove, sugere neste trecho uma cena de um tribunal onde o Senhor está levantando uma acusação contra a nação de Israel.
     O verso declara quem é que está falando – “o Senhor é quem fala”, não Isaias. Esta é uma testemunha que não pode ser desacreditada, pois é fiel. Diferentemente dos profetas falsos de hoje em dia que dizem – “eis que te digo”, estes termos não são encontrados nas Escrituras. Outro ponto a ressaltar neste verso e no terceiro é que Deus faz uma comparação do povo com o boi e o jumento, que apesar de serem animais, parecem bem mais racionais, pois sabem quem é o seu dono, mas com Israel não é assim.
     Na primeira parte do quarto verso o Senhor faz uma tomografia da natureza do Seu povo: “nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram ao Senhor, blasfemaram do Santo de Israel,...”, esta é a acusação do Senhor contra o Seu povo, a Sua nação escolhida. Como duvidar da palavra daquele que é Verdadeiro, que não pode mentir? Na segunda parte deste versículo Deus mostra que sua natureza pecaminosa, faz deste povo uma geração de apostatas, pois - “voltaram para traz”. Mas o Novo Testamento mostra que isso também pode acontecer com o povo Cristão, que foi salvo e regenerado pelo Senhor Jesus Cristo, como adverte o escritor de Hebreus, exortando os cristãos a não retrocederem na fé, pois isto é obra da carne, que não persevera em olhar para “o Autor e consumador da fé”, Jesus Cristo, que nos faz permanecer firmes e não ceder à força da carne corrompida.
     Nos versos cinco e seis, assim como Paulo em Romanos um a três, Isaías relata a completa corrupção da humanidade, “toda a cabeça e coração”. “Desde a planta do pé até a cabeça, não há coisa sã”. Penso que na primeira declaração - cabeça e coração, o profeta esta se referindo à alma e espírito, o ser interior. E quando está se referindo - da planta dos pés à cabeça, está descrevendo a sua estrutura física. Toda a pessoa humana está corrompida, doente e necessitada de cura – “,nem amolecidas com óleo”, aqui está uma plena demonstração da necessidade da obra redentora do Espírito Santo em toda a vida do homem (Jo 18.6; Tt 3.5).
     Nos versos sete e oito o profeta Isaias, mostra as consequências da corrupção humana, que não fica somente no nível individual, corrói também tudo o que ele toca, onde a carne corrupta toca ela contamina (Nm 19.13; Mt 15.11,18). Terra, cidades, lavoura, devastação social, famílias ficam expostas a todo tipo de violência.
     Mas em vista de toda essa corrupção que o homem atraiu para si e para seu entorno, há um Plano Eterno, há uma intervenção nesta situação aparentemente irreversível. “Se o Senhor dos Exércitos” do verso nove está a declaração confiante de Isaías na Aliança de Deus com o homem que foi criado para um Projeto Eterno, que esta sendo desenvolvido na história da humanidade, e que apesar da corrupção, da rebeldia e da apostasia, sempre Ele conservará um remanescente fiel, que será a semente da continuação e conclusão da Sua vontade (Jó 42.2; At 3.18, 24-25; Rm 8,9). “O Senhor dos Exércitos” segundo a profecia de Davi no Salmo 24, é o Senhor Jesus Cristo que venceu a carne, o pecado, a iniquidade e a corrupção de toda a carne, na Sua batalha final na cruz do calvário (Jo 1.29; Jo 19.20; Rm 6.6, Cl 2.11; 3.3).
     Aleluia! Deus está no trono reinando apesar do Diabo, do homem corrupto.

Douglas Bataglião

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A TRINDADE FAMILIAR


          A Trindade Divina criou o ser humano como uma pessoa tridimensional, a fim de conviver numa trindade familiar. Elohim é triúno e fez o gênero humano, macho e fêmea, mas, tricotômico, composto de: corpo, alma e espírito, para viver em trivalência relacional. Este ser equilibrado deveria coexistir em comunidade humanamente afetiva.
           O único lance que destoou na criação física foi a solidão. Apesar de Deus ser exclusivo e indivisível, Ele se manifesta em três pessoas. Não há exílio na dimensão metafísica. O ser Divino é singular e coletivo, ao mesmo tempo. Deus é individual em sua essência e social em sua comunicação. No céu há um ser unitário, mas, também, não solitário. A Trindade é a unidade do anseio coletivo.
Nada pode ser maior do que três pessoas vivendo em plena comunhão. A conciliação das vontades é imensamente maior do que uma única vontade absoluta. Ser três pessoas agindo em irrestrita sintonia tem uma dimensão infinita e mais significativa do que ser uma pessoa com sua vontade soberana agindo por conta própria. O mistério da triunidade fala da onipotência demonstrada no concerto eterno do pluralismo volitivo. Um Deus em três pessoas com uma só vontade.
           A coesão Triúna propõe a integridade da pessoa humana e a conexão da família. Antes de o pecado entrar na história da humanidade, Elohim, o Deus trinitário, instituiu a vida em família. O molde familiar é a própria concordância da Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são arquétipos transcendentais da coerência relacional entre a paternidade, a maternidade e a prole.
           A família é o plural do sujeito ou o coletivo da pessoa. Assim como na Trindade, a vida do lar deveria se ajustar pelo acordo das vontades. O problema foi o pecado. O egoísmo tomou conta das personalidades e a comunhão desandou em contestações. Instaurou-se a confusão dos desejos e o caos social.
           A vida doméstica que, em tese, seria uma orquestra sinfônica, acabou, no final das contas, descompassada e desafinada. O conflito das vontades tornou-se a regra do jogo. Agora, o consenso familiar é uma conquista complicada. Viver em união é algo complexo que exige combinações constantes de todos os membros.     As vontades obesas não conseguem se encaixar em lugares apertados, além do que, conciliar é uma das artes mais difíceis para a sobrevivência social. Uma família unida é coisa rara, e, viver, com o mínimo de atrito, é das artes mais difíceis, exigindo perícia e paciência.
            Mas a lei da unidade deve ser definida assim: “viva de tal maneira que, se todas as pessoas fossem como você e todas as vidas fossem vividas como a sua, a terra seria um paraíso”. Portanto, não há opção: a cruz é o único passaporte do ego. A morte do egoísmo é a sentença e a ressurreição em vida nova, a chance. Não eu, mas Cristo é a solução definitiva para a família.
O velho mendigo do vale estreito, Glênio Paranaguá.

segunda-feira, 25 de março de 2013

PÁSCOA, POR QUE NÃO CELEBRAR?


ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Sl. 11.3).

Tenho observado que os “fundamentos”, ou seja, as bases ou os valores cristãos que foram estabelecidos em nossa sociedade ocidental têm sido destruídos por uma cosmovisão pós-moderna e pós-cristã, que desde o século XVIII tem desprezado os paradigmas cristãos que edificaram nossas vidas, nossas famílias, nossa educação, nossas instituições econômicas e políticas. E estamos já colhendo os resultados desse abandono, com a degradação social, a destruição dos valores bíblicos da família, a consolidação de uma sociedade individualista, voltada para o sucesso pessoal em detrimento do corporativo, e sexista – tendo o sexo como o centro do prazer e da realização, não importando de que forma ele se realiza, o que promove as mais escabrosas distorções, como perversões no relacionamento heterossexual, homossexualismo, bestialismo, pedofilia, dentre outras.  

Inserida nessa realidade, a Igreja não poderia deixar de sofrer seus efeitos, sendo atacada pela secularização do sagrado, pelo ecumenismo religioso, bem como pelo universalismo teológico, que impõe uma unificação religiosa, com vistas à tolerância religiosa, que é totalmente contrária à verdade de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Nessa realidade de “destruição” de valores, as celebrações cristãs históricas e tradicionais, como o Natal, a Páscoa, a ceia, o culto simples e cristocêntrico, têm sido desfiguradas, destituídas de seu simbolismo original, ou, por vezes, desprezadas por uma ala extremada da igreja, que as considera “festas pagãs”.

Não podemos esquecer que a simbologia é um dos instrumentos utilizados pelo Espírito Santo, nas Escrituras, para comunicar verdades da Palavra de Deus. As festas cristãs fazem parte dessa simbologia e tipologia, que celebram eventos da obra de Cristo, e devem ser celebradas como instrumentos de ensino, doutrina e fixação das realidades e verdades centrais da fé cristã, não devendo ser desprezadas nem desfiguradas pela igreja atual, pois foram esses instrumentos que, durante a história da igreja, também influenciaram uma cosmovisão cristã em nossa sociedade ocidental. 

Creio que a desfiguração ou depreciação e abandono dessas celebrações é uma obra de Satanás, e também de uma sociedade secularizada, que se tem afastado dos valores cristãos. E a Igreja, com medo do mundanismo, acaba desprezando as oportunidades de propagar os valores cristãos, por meio da celebração do Natal, da Páscoa, do Pentecostes etc., tanto para os membros de suas comunidades como para a evangelização de não cristãos. Em outras palavras, a Igreja acaba “coando mosquitos e engolindo camelos” (Mt. 23.24), perdendo excelentes oportunidades de redimir a cultura para uma visão cristocêntrica.

Voltemos a celebrar nossas festas cristãs, sim! Obviamente, sem a deturpação que elas vêm sofrendo – motivadas por propósitos mercadológicos que as descaracterizam. Mas voltemos à Palavra de Deus, com temor e reverência, e com a liberdade dos filhos de Deus, de adorá-lO com todas as formas de arte, que foram criadas, também, para o louvor da Sua glória. E voltemos a declarar aos irmãos e aos não cristãos: “Feliz Natal!”, “Feliz Páscoa!”, “Feliz Pentecostes!”, com a mensagem de que esta “felicidade” é propósito de Deus, revelado nas Escrituras e consumado pela obra de encarnação, vida, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!
Douglas A. Bataglião