quinta-feira, 31 de março de 2011

A visão de Deus Sobre a Cruz


A cruz estava acima de qualquer coisa para Deus Pai. Paulo escreveu: "Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demons¬trando a sua justiça. [...] no presente [...], a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3.25,26). Na época do Antigo Testamento, Deus aproximou-se de homens como Abraão, Moisés e Davi e de vários outros dos quais os pecados ainda não haviam sido definitivamente removidos. Visto que o sangue de animais era apenas simbólico, Deus optou por salvar essas pessoas em confiança. Esque¬ceu-se dos pecados para que pudesse ter comunhão com eles, mas o valor do resgate ainda não havia sido pago. Dessa forma, para se certificar de que nin¬guém questionaria sua justiça, Cristo morreu para pagar a dívida por eles e por nós.
A obediência de Cristo como o Cordeiro de Deus foi preciosa para o Pai. Paulo afirmou que devemos levar uma vida de amor, "como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus" (Ef 5.2). A disposição demonstrada pelo Filho, sofrendo de acordo com o plano divino, foi um sacrifício de aroma agradável a Deus.
Deus agradou-se do sacrifício de seu Filho. "Con¬tudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolonga¬rá seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão" (Is 53.10). Se fizermos a pergunta "Quem matou Jesus?", nossa primeira resposta não deverá ser "Os judeus", ou "Pilatos", e sim "Deus". Deus es¬magou seu Filho. Pedro disse que ele foi entregue nas mãos dos judeus "por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus" (At 2.23). Para deixar claro, de acordo com os planos do Pai, Jesus se crucificou.
Mas Deus chicoteou seu Filho, enfiou pregos em suas mãos e pés? Sem dúvida que não, essa cruel¬dade foi perpetrada por homens perversos. Ainda assim, aqueles pecadores realizaram o propósito de Deus. Devemos aceitar como fato o mistério de que a culpa pela morte de Jesus é de pessoas más — e mesmo assim era plano de Deus. Pedro, falando so¬bre todos os que conspiraram para crucificar Jesus, disse: "Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse"(At 4.28).
Por que o Pai faria tal coisa? John Piper respon¬de: "Ele fez isso para solucionar a discordância entre seu amor por sua glória e seu amor pelos pecado¬res". Deus não podia simplesmente deixar que o passado ficasse para trás. Assim, antes do início dos tempos, Deus Pai e Deus Filho concordaram em um plano pelo qual a iniqüidade de todos nós seria colo¬cada sobre Jesus. Ele toleraria nosso castigo a fim de que pudéssemos ser absolvidos pelo Pai. O pecado seria apresentado horrível como é, e Deus seria apre-sentado como o Deus amoroso que é. Na cruz, a santidade inexorável colidiu com o amor, para a mú¬tua satisfação de cada característica.
Hoje, freqüentemente ouvimos dizer que Deus perdoa o ser humano baseando-se no seu amor, não no sacrifício expiatório. A mente moderna, ao procu¬rar justificar o pecado, acha difícil entender que Deus não pode estender sua graça aos pecadores até que a santa justiça esteja saciada. Ontem mesmo, foi-me dito que era arrogância sugerir que um popular líder de uma religião oriental (obviamente um bom homem) fosse proibido de entrar no Paraíso. Mas a resposta bíblica é esta: apenas os que foram protegidos da ira de Deus pela morte de Cristo serão salvos. Ou, para expressar isso de modo mais positivo, somente os que possuem a virtude de Cristo como crédito, poderão entrar na presença de Deus.
Até mesmo no Paraíso, a cruz será lembrada. Quando foi permitido a João vislumbrar os céus, ele chorou, porque não foi encontrado alguém que pu¬desse abrir o livro que representava o titulo de pro¬priedade do universo. Mas em seguida lemos:
Então um dos anciãos me disse: "Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos". “Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos" (Ap 5.5,6). Um Cordeiro, que parecia ter estado morto! Martinho Lutero debatia-se freqüentemente con¬tra a incerteza e o Diabo. Ele estava ciente de que somos facilmente iludidos por causa de uma história sobre são Martinho, a figura histórica que havia inspi¬rado seu nome. A história conta que são Martinho teve uma visão de Cristo. Mas quando olhou para suas mãos, a fim de certificar-se de que lá estavam as mar¬cas dos pregos, os furos desapareceram. Então, ele jamais soube se havia encontrado Cristo ou o Diabo. Existem muitos "cristos" nos dias de hoje, mas eles não possuem as marcas dos pregos. Temos pro¬fessores e gurus que nos dizem como obter vida mais feliz e produtiva. Ensinam-nos como "entrar em con¬tato com a parte mais profunda de nosso ser" e como ser espiritual sem ser religioso. No entanto, o que milhões não possuem é um Deus com feridas, um Deus que veio ao mundo sofrer por nossa causa, para que pudéssemos ser reconciliados com o Todo-Po¬deroso. Esse ato fundamental de redenção é tão im¬portante que transformou o imutável. Aliás, o céu está diferente por causa "do Cordeiro que foi mor¬to". O sangue se foi, mas a cicatriz permanece como lembrança de nosso pecado e de sua graça.
Eu hei de reconhecê-lo, eu hei de reconhecê-lo, E redimido ao seu lado eu estarei. Eu hei de reconhecê-lo, eu hei de reconhecê-lo, Pelas marcas dos pregos em suas mãos. Ninguém experimentará o favor eterno de Deus se se desviar da cruz. A cruz é a dobradiça sobre a qual gira a porta da história. E o eixo que sustenta unidos os raios dos propósitos de Deus.
Os profetas do Antigo Testamento apontaram para ela, e os discípulos do Novo Testamento a proclamaram. Quando nos "agarramos à velha e áspera cruz", como nos incentiva o conhecido hino, não o faze¬mos por mero sentimentalismo. A cruz é o cerne de nossa mensagem e o coração de nosso poder para combater as trevas invasoras.

Clamores da cruz
As últimas palavras são sempre importantes. Mas certamente não existem últimas palavras tão importantes quanto as proferidas por Cristo na cruz. Ne¬las, vemos seu coração e seu amor pelo povo que estava sendo salvo por ele. Nesses brados, vemos o lado humano de Jesus. Suas feridas não foram trata¬das para que as nossas fossem. Suas aflições foram imensas para que as nossas fossem levadas embora. Isaías o descreveu: "Sua aparência estava tão desfi¬gurada, que ele se tornou irreconhecível como ho-mem; não parecia um ser humano" (Is 52.14). Ele não pôde ser reconhecido como a pessoa que era. Ele foi vítima de falsas acusações e de violência. Seus oponentes instaram com os romanos para que se li¬vrassem dele. E então seus inimigos se sentiram vingados ao ver os pregos, cheirar o sangue e ouvir os gemidos.
Imagine-o despido e preso pelos pulsos a uma coluna no pátio de Pilatos e então açoitado com chi¬batas que têm bolas de chumbo e lascas de ossos nas pontas. À medida que lhe golpeiam o corpo, formam-se bolhas de sangue, que os repetidos golpes trans¬formam em feridas. E então, a coroa de espinhos é pressionada contra sua cabeça, e o sangue mistura-se ao cabelo emaranhado. Ele tenta carregar a cruz, mas, quando começa a cambalear, Simão de Cirene é forçado a ajudá-lo. No Calvário, suas roupas são arrancadas, e ele sente "uma dor excruciante, como a de milhões de agulhas quentes, abalando o sistema nervoso". Ele então é colocado sobre a própria cruz, e seus executores batem longos pregos quadrados contra seus punhos. "Ao ter o grande nervo central perfurado, ele experimenta "a dor mais intolerável que um homem poderia experimentar [...] cada movimento do corpo sentindo essa terrível dor".
Mesmo em agonia, Jesus ainda era Rei. Mas ele põe de ponta-cabeça nossa visão de majestade. Leia atentamente as palavras de Brooke Foss Wescott: “A soberania demonstrada por Cristo na cruz é uma nova soberania. Destruiu para sempre a fórmula da lei do mais forte. Humilhou a petulância do falso heroísmo. Envolveu com uma dignidade que não perece a integridade do sacrifício. Deixou claro para o coração puro que a prerrogativa da autoridade é servir de forma mais abran¬gente. O Rei divino adquiriu domínio eterno ao morrer.”
Aqui está uma resposta para os que perguntam: "Onde estava Deus quando...?". Acompanhe-me em meus estudos e conheça a história de uma jovem que foi violentada pelo pai e, praticamente, jogada nas ruas aos catorze anos de idade. Agora, tendo aceitado a Cristo como Salvador, ela perguntou: "Onde esta¬va Deus quando me encontrava solitária e sofrendo? Onde ele estava quando meu pai, alcoólatra, nos acor¬dava às três horas da manhã e espancava-nos impiedosamente em nossa cama?". Ela disse ainda: "Sei que Deus é meu Pai, mas parece que ele estava au¬sente quando mais precisei dele". Gentilmente, levei-a por uma jornada no interior do coração de Jesus. No sofrimento de cruz, não encontramos apenas perdão, mas também cura para nossas mais profundas mágoas. Assim como na cruz, ocorre uma permuta pelos nossos pecados — nossos pecados são creditados a Cristo, e sua justiça é credi¬tada a nós —, nossos fardos emocionais também são transferidos para os ombros dele. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feri¬das fomos curados (Is 53.4,5). Ele tomou sobre si nossas enfermidades.
Isso não significa viver emocionalmente tranqüi¬los, assim como não podemos viver livres do pecado. Mas podemos ser confortados com a firme convicção de que as piores injustiças da humanidade foram levadas em conta. A cruz foi o maior ato de Deus para nos alcançar, e é aqui que nos identificamos mais intimamente com Cristo. Obviamente, não temos como repetir sua experiência, mas podemos nos iden¬tificar com suas feridas. Conforme aprenderemos, Cristo foi abandonado para que fôssemos acolhidos. Ele experimentou o inferno para que pudéssemos ex¬perimentar o céu.
Ele morreu para que também fôssemos fisicamen¬te curados? Sim, ele nos redimiu por inteiro — corpo, alma e espírito. No entanto, seria um erro presumir que podemos ser curados a qualquer mo¬mento e que temos o direito de "reivindicar a nossa cura". A Bíblia deixa claro o fato de que não vemos a consumação de nossa redenção nesta vida. Assim como derrotou a morte, ainda que tenhamos de sofrê-la, ele também adquiriu para nós um novo corpo, que aguarda a ressurreição. Os que querem tudo neste mundo enganam multidões que caem vítimas da teologia da prosperidade. Nesta vida, recebemos o perdão pelos nossos pecados e o Espírito Santo como um adiantamento da glória futura. Mas o céu ainda não é aqui. A cura física, embora tenha sido compra¬da, ainda deve aguardar.
A cruz lembra que nossa auto-condenação deve ter um fim. Já não precisamos ficar lembrando o passado. Não devemos pensar que Deus nos vê como nós nos vemos. Receber o perdão de Deus e estendê-los aos outros é tanto privilégio quanto responsabi¬lidade. Richard Foster escreveu: "Hoje o coração de Deus é uma ferida de amor aberta. Ele sente dor com nosso distanciamento e se preocupa. Lamenta por não nos aproximarmos dele. Entristece-se por termos esquecido dele. Chora ao ver nossa obsessão por querer mais e mais. Anseia pela nossa presen¬ça".8 Ele foi preso por mim, ferido por mim, rejeita¬do por mim e surgiu em novidade de vida por mim. Dietrich Bonhoeffer estava certo quando disse que a culpa é um ídolo que algumas pessoas se recusam a abandonar. Devemos aceitar com ousadia o que Deus nos oferece, em vez de lhe dar às costas. Alguns acham que estão fazendo um favor a Deus quando se recusam a aceitar seu perdão, raciocinando que ele está tão bravo que prefere não os ver de forma alguma.
Pessoas assim insultam a Deus, pois vivem como se a morte de Cristo não fosse o bastante para seus pecados. Não tenha dúvida. Ele é capaz de salvar todos os que optarem por crer. Suas feridas foram a prova de seu amor. “De sua fronte, pés e mãos vem um amor que faz irmãos. Unem-se nele dor e amor, a coroar o Redentor.”Meu computador sublinha, imediatamente, com uma linha vermelha ondulada todas as palavras que contenham erros de grafia. Algumas vezes ele também sublinha palavras corretamente grafadas, mas a linha vermelha só aparece nas palavras que não estão registradas no programa. O computador que estou usando não reconhece a palavra "quebrantamento". Infelizmente, muitos de nós também não reconhecem essa palavra. Sabemos o que é estar quebrado, mas não experimentamos o quebrantamento, palavra que nos lembra que na cruz se acaba toda auto-exaltação, e somos apresentados ao mistério da von¬tade providencial de Deus para nós. Na cruz, chegamos ao fim da busca egoísta e rejeitamos para sempre a noção de que somos dignos de cooperar com Deus em nossa salvação.
Na África, um incêndio devastou um casebre, queimando rápida e intensamente, e matando todas as pessoas de uma família, exceto uma. Um estranho foi visto correndo para dentro da casa em chamas. Ele tomou um garotinho das chamas, colocou-o em segurança e então desapareceu na escuridão. No dia seguinte, a tribo reuniu-se para decidir o que fazer com o garoto. Talvez, devido a superstições, deduziram que se tratava de uma criança especial, visto que sobrevivera ao incêndio. Um sábio insistiu em adotar o garoto, mas um homem rico considerava-se mais qualificado. Com o decorrer da discussão, um jovem desconhecido dirigiu-se ao centro do círculo e insistiu em que tinha precedência na adoção da criança. Então mostrou-lhes as mãos, queimadas pelo fogo da noite anterior. Era o homem que salvara o menino e por isso insistia em que a criança era sua por direito. Da mesma forma, nosso Salvador, com suas cicatrizes, reivindica-nos para si. Os outros deuses eram fortes, mas tu eras fraco, Eles cavalgavam, mas tu cambaleaste até teu trono Mas com nossas feridas, somente as feridas de Deus podem falar, E nenhum Deus possui feridas, senão somente tu.
Um Deus com feridas! Jesus não se calou na cruz. Se voltarmos nossa atenção para os brados dele, encontramo-nos em solo sagrado. Os brados de Jesus revelam os mais profundos anseios de seu coração. Aqui, vemos o último ato de sofrimento altruísta. Junte-se a mim em uma jornada que nos fará excla¬mar: "Veja como ele nos amava!"


Os Brados da Cruz - Erwin W. Lutzer – Ed. Vida

sexta-feira, 11 de março de 2011

SUPREMA DEDICAÇÃO

Cada indivíduo vive, planeja e se move conforme certo ponto de referência. A visão que uma pessoa tem do mundo, da vida e da eternidade pode ser comparada a uma janela que pode restringir ou permitir uma visão mais ampla. Consequêntemente, todos os conceitos básicos da verdade são circunscritos pela “janela”, a qual chamaremos ponto de referência. “Onde não há visão o povo perece” (Pv 29.18), e quando o ponto de referência é restrito, há uma grande limitação! É impossível uma pessoa viver além da visão que possui; da mesma forma, é impossível alguém se dedicar além do seu maior objetivo.
Dificilmente apreciaremos o ponto de visa de outras pessoas se não nos colocarmos na posição em que ela se encontra a fim de podermos apreciar as coisas a partir da sua perspectiva. É isso que Ezequiel quis dizer quando declarou: “Sentei-me ali... onde eles sentaram...” (Ez 3.15).
Uma experiência recente possibilitou que o escritor tivesse uma compreensão mais clara desse problema. Ele estava conversando com Líder Mormon, que após questioná-lo sobre o a busca de salvação somente para ir para o céu, afirmando que esta era uma posição egocêntrica. Este líder surpreendeu-se ao saber que o autor não pensava assim, mas que partia de um propósito maior e anterior a este somente. Assegurando-lhe que Deus havia revelado em sua Palavra o supremo arcabouço de toda a referência. Embora, como seres humanos, não possamos conhecer todos os detalhes do supremo propósito de Deus, ainda assim explicou-lhe que estava convicto de que Deus tem dado a revelação mais necessária para que cada um de nós ofereça suprema dedicação à realização desse propósito. Passou, então, a esboçar para ele um diagrama simples, abaixo, que ilustra os três pontos de referência mais comuns, e o Supremo Ponto de Referência.



PONTO DE REFEÊNCIA 1: Para os que estão fundamentalmente ocupados com a salvação pessoal, seu ponto de referência se inicia na Queda do homem e finaliza com sua redenção e acesso ao céu. Mas, uma vez que tudo principia com o homem, finaliza com ele e com aquilo que ele pode receber.
PONTO DE REFERÊNCIA 2: Outras pessoas parecem desconsiderar quase totalmente qualquer necessidade de redenção pessoal. Praticamente ignoram que a Queda e passam a envolver-se apenas no estabelecimento do Reino de Deus, como os Testemunhas de Jeová.
PONTO DE REFERÊNCIA 3: Ainda existem os que iniciam com o Deus Eterno como Criador. Ao iniciarem neste ponto, Deus em Sua criação no Gênesis, procuram razão e significado para a existência desta vasta criação.
PONTO DE REFERÊNCIA 4: Finalmente, chegamos ao Supremo Ponto de Referência. Se ainda não percebemos, fiaremos surpresos ao constatar que ele se inicia “lá atrás”, no próprio coração do Pai, não meramente na fundação do mundo, mas antes de ele ser fundado – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,” (Ef 1.3) o qual é a razão primeira de todas as razões. Não foi a Queda do homem que determinou todas as coisas, nem o desejo de Deus em ter um Reino, nem mesmo Seu plano para uma nova criação – foi a natureza Paternal de Deus que determinou Sua principal motivação, Seu propósito eterno e Sua suprema dedicação. Finalmente, a realização suprema de Deus Lhe trará a satisfação da qual Seu coração de Pai é tão digno.
Que ponto de referência poderia ser maior do que aquele que inicia com o Pai eterno e finaliza com a Nova Jerusalém, a habitação de Sua enorme família que trará honra, glória, prazer e satisfação a Ele e ao Seu Filho e ao Espírito Santo? Nesse ponto de referência vemos a importância da salvação (uma vez, de fato, houve a Queda); vemos o reino, ; vemos a Nova Criação; mas também vemos o Pai e a sua imensa família. É esse ponto de referência que dá significado apropriado a todas as demais coisas.
Leia uma vez mais as palavras de Paulo em Romanos 8 e veja se agora lhe parecem mais significativas: “É claro, também... que no final temos cumprido nossa plena filiação nEle. Além disso, sabemos que aqueles que amam a Deus, e que são chamados segundo o Seu plano, tudo o que acontece redunda em bem. Na Sua presciência Deus escolheu-os para ingressarem na família conformadamente ao seu Filho, que se tornará o primogênito de família de muitos irmãos. Ele escolheu há muito; e quando chegou o tempo devido, os chamou; Ele os fez justos aos olhos dEle e elevou-os ao esplendor de uma vida conforme a do Seu Filho” (Rm 8.28-30, J.B, Phillips).
Viver na glória de tudo o que Ele um dia realizará em nós faz com que esqueçamos não apenas nossos sofrimentos presentes, mas também nossos objetivos e ambições particulares. Tudo que antes nos parecia tão urgente e importante passa agora a se ajustar ao Supremo Propósito.
Portanto, a que devemos nos dedicar? Temos entendido que é a própria verdade que nos libertará de nos dedicarmos a algo menor do que Seu propósito. Agora que nos movemos no rio onde podemos enxergar todas as coisas do Seu próprio ponto de vista, não podemos fazer outra coisa a não ser dedicar-nos a cooperar com Ele na realização do Seu glorioso plano e SUPREMO PROPÓSITO.
“Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém.” (Judas 24,25, Weymouth).