O poeta em busca da lucidez do seu pensar disse que no meio do caminho há uma pedra. O mendigo em plena clareza da sua fé afirma: no meio da pedra há um caminho. Tendo-se levantado Jacó, cedo, de madrugada, tomou a pedra que havia posto por travesseiro e a erigiu em coluna, sobre cujo topo entornou azeite. Gênesis 28:18.
Jacó era um fugitivo que se esquivava da fúria do irmão. Mas, antes de tudo, ele não passava de um trapaceiro. No ventre de sua mãe, o pivete e seu irmão, Esaú, viviam em pendengas. A guerra estava nas entranhas. Todavia, Jacó quer sempre levar vantagens. Esperto, ela passava os outros para trás com a habilidade de um profissional do truque e, agora, se encontrava em aperto. Esaú queria matá-lo.
Na fuga, chega, ao final da tarde, num local, muito cansado. Toma uma pedra por almofada e, aos 87 anos, dorme como criança. Sonha com uma escada, cujo tope alcançava o céu, e via os anjos sumindo e descendo por ela. O sonho era revelador. Percebeu que o Deus de seus pais não era paralítico. Javé não tinha lugar fixo. Jacó iniciou a caminhada a partir da pedra até a revelação, onde a casa de Deus é o lugar que o filho descansa.
Durante vinte anos ele peregrinou pelos atalhos sem enxergar o caminho da intimidade. Continuou enganando, só que agora, Jacó achou um mais esperto do que ele. Labão, o seu sogro, era um lobão em negócios escusos e ladrão de ovelhas.
Foi com as aulas deste mestre das trapaças que Jacó, o ludibriador, resolveu escapar daquela vida de ser ludibriado. Na saída foi surpreendido pelo caçador de vigaristas. Jacó entrou no vau de Jaboque como um atleta de olimpíadas e saiu de lá, a reboque, como competidor da paraolimpíada. O príncipe de Deus agora é manco. Israel claudica.
Ao voltar para a sua terra, Jacó, o fugitivo, se tornara num príncipe caxinguento, marcado pela sombra da pedra. O lugar do seu encontro com Deus foi denominado de Betel, ou seja, Casa de Deus. Então, Jacó erigiu uma coluna de pedra no lugar onde Deus falara com ele; e derramou sobre ela uma libação e lhe deitou óleo. Gênesis 35:14. Esta pedra ungida é a figura do Messias em Assembléia, e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente, eu te darei o dízimo. Gênesis 28:22.
Abraão, seu avô, deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém, a cidade da paz, e, ao mesmo tempo, este sacerdote do Deus Altíssimo era da ordem em que o Messias é o Sumo Sacerdote eterno. O patriarca dizimou sob o regime da graça e não da lei. O dízimo é uma evidência do reconhecimento da graça plena em nossas vidas.
Israel entendeu que o dízimo é o tributo da adoração diante da realidade espiritual da Pedra. A sua bênção final, dedicada a José, diz: O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel, pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos das profundezas, com bênçãos dos seios e da madre. Gênesis 49:24-25.
Sua Alteza, o mendigo, sabe que o dízimo não é uma gorjeta para o garçom depois de uma lauta refeição no restaurante, nem uma propina aos gerentes para que os seus intentos sejam alcançados. Antes de tudo, o dízimo é a manifestação de gratidão do adorador, por ter sido alcançado pela suficiência da graça de Deus em Cristo. A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos. Salmos 118:22-23.
O caminho da Pedra é o caminho da nossa libertação. Deus não precisa de nada, logo, ele não precisa de dízimo. Quem precisa ser liberto da avareza somos nós, por isso, diz o velho mendigo J. Blanchard, “o dízimo não é um teto em que paramos de contribuir, mas um piso a partir do qual começamos, em gratidão eterna”.
Mendiginhos, no meio da Pedra há um caminho de salvação para as nossas almas mesquinhas, pois, segundo o Senhor, melhor é dar do que receber.
Glenio Paranaguá – Mendigo-padrão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário