quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A ENCARNAÇÃO
João 1.1-18
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”
Este é o texto cental das Escrituras que narra e define para nós a extraordinária vinda e a entrada de Deus na história humana. Porém, este texto está longe de ser o único a tratar deste mistério. Todos os cristãos reconhecem que, em Jesus, Deus estava presente na sua plenitude, e que Ele se mudou para a nossa vizinhança num ato humilde de amor, algo incomparável na história.
Quando falamos de Encarnação com “E” maiúsculo, nós nos referimos àquele ato sublime de amor e humilhação através do qual Deus decide entrar nas profundezas do nosso mundo, nossa vida, nossa realidade, para que a redenção e consequente união entre Deus e a humanidade se torne concreta. Esta “en-carne-ação” de Deus é tão radical e total que ela confere qualificação a todos os atos posteriores de Deus neste mundo. (Frost e Hirsch)
Quando Deus veio ao mundo em e através de Jesus, o Eterno estabeleceu residência entre nós “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). E o motivo central da Encarnação, considerando a nossa limitação em penetrar nesse mistério, era que, ao se tornar um de nós, Deus foi capaz de alcançar a redenção humana. Mas, a profunda afinidade, uma identificação radical com tudo o que significa ser um humano – um ato que libera toda sorte d potencialidade naquele com o qual a identificação acontece. Mas, mais do que identificação, Encarnação é revelação: ao tomar sobre si todos os aspectos da humanidade, Jesus é para nós, literalmente, a Imagem humana de Deus. Se nós queremos saber como Deus é, nós não precisamos procurar além de Jesus. Nós podemos compreendê-Lo porque ele é um de nós. Ele nos conhece e pode nos mostrar o caminho.
Como um seguimento disto, nós podemos identificar pelo menos quatro dimensões que dão estrutura ao nosso entendimento da Encarnação de Deus em Jesus, o Messias. Elas são:
1. PRESENÇA – Em Jesus, o Deus eterno está plenamente presente para nós. Jesus não era meramente um representante de Deus ou um profeta enviado por Ele; Ele era Deus em carne humana (Jo 1.1-15; Cl 2.9)
2. PROXIMIDADE – Deus, em Cristo, se aproxima de nós, não apenas de uma maneira que possamos compreender, mas, também, de uma maneira que podemos ter acesso a Ele. Ele não apenas chamou as pessoas ao arrependimento e proclamou a presença direta de Deus (Mc 1.15), mas Ele se relacionou com aqueles à margem da sociedade, e viveu a sua vida em proximidade com o quebrantado e o “perdido” (Lc 19.10).
3. ‘DESAPODERAMENTO’ – Ao se tornar “um de nós”, Deus toma forma de servo e não a forma de alguém que nos governa (Fp 2.6…; Lc 22.25-27). Ele não tenta nos impressionar com um show de sons e luzes, mas, ao contrário, Ele vive como um humilde carpinteiro no “sertão” da Galiléia por trinta anos, antes de ativar o seu destino messiânico. Ao agir assim, lançou por terra todas as noções normais de poder que coage, e demonstrou a nós como o amor e a humildade refletem a verdadeira natureza de Deus, e como eles são os meios principais para a transformação da sociedade humana.
4. PROCLAMAÇÃO – Não apenas a Presença de Deus dignificou tudo o que é humano, ela também anunciou o reinado de Deus e chamou as pessoas a darem uma resposta de arrependimento e fé. Nisto Ele iniciou o convite do evangelho, que está ativo até os dias de hoje.

Baseado em texto pr. Nelson Monteiro - STPN